10 novembro 2008

Jardim do Torel


Outro dia estive no Jardim do Torel. Estava no renovado Jardim de S. Pedro de Alcântara e ao avistar o Torel no outro lado da Avenida da Liberdade resolvi ir até lá (ainda para mais tinha feito essa promessa aqui no blog precisamente num "post" sobre S. Pedro de Alcântara). Subi no Elevador do Lavra e lá cheguei. E o desconsolo foi total. Aliás foi mais do que isso. Tinha havido uma festa de uma qualquer associação e o cenário aproximava-se do caótico. O Jardim para além de degradado ainda estava por limpar e "arrumar". A vista para o antigo Valverde, que é como quem diz Avenida da Liberdade, é que funcionou como escape, pelo menos momentâneo pois não ia ali somente para descansar e gozar a vista. Penso sinceramente que a blogoesfera pode dar um contributo (um entre outros necessariamente) para a promoção da cidadania, e em particular no que diz respeito à cidade de Lisboa. Aliás, existem já felizmente alguns blogs que se especializaram em assuntos lisboetas e que alertam para diversos problemas que a cidade enfrenta. A Gazeta é mais generalista (penso que assim deve continuar), porém quando aqui comecei a escrever afirmei que uma das temáticas a abordar seria a lisboeta. Ainda bem que os meus amigos Gazeteiros Pedro BH e Rodrigo MG (também nas "Crónicas Alfacinhas") se pautam pela dedicação a Lisboa. Nunca seremos em demasia.


De volta ao Jardim do Torel. Sujo e degradado, situado numa rua com casas e palacetes de finais do século XIX/inícios do século XX, bem próximo do Campo de Santana...Numa zona bem central da cidade onde espaços verdes e de lazer fazem sempre falta, não só para os que lá moram (que são infelizmente cada vez menos nessas zonas, tendência essa que deve ser invertida a todo o custo sob pena da cidade, da verdadeira cidade, ir morrendo) mas para todos os outros lisboetas e cidadãos nacionais ou estrangeiros que visitam, trabalham ou passam pela cidade. É essa a essência das zonas públicas. Neste caso de um jardim público que deve ser reabilitado, mantido, preservado, dignificado de forma simples pelos seus utentes por uma utilização responsável e que se paute pelo civismo e pela tutela por uma gestão responsável.


Espero que a C.M.L. assuma as suas responsabilidades e que os cidadãos que o frequentam usufruam do espaço (após as obras necessárias pois agora só mesmo pela vista) com todo o civismo. Sem ser excessivamente pessimista não sei qual será mais difícil. Como não gosto particularmente de generalizações esperemos que não seja tanto assim e que o Jardim volte a sê-lo em pleno. Aquilo que é Património tal como o tanque, azulejos, esculturas seja recuperado, mobiliário de jardim renovado e zonas verdes requalificadas. A juntar a isto critérios mais exigentes de utilização e cedência do espaço. Ser público deve significar precisamente o contrário do que aparentemente sucede. Uso e abuso. A boa prática é bom uso e penalização dos abusos. E a C.M.L. a zelar pelo património da cidade que é de todos. Não o fazendo é tão ou mais irresponsável do que aqueles que atiram lixo para o chão, caminham por entre os canteiros ou arrancam bocados do jardim.

07 novembro 2008

Tapada das Necessidades


O Ministério da Agricultura, pela mão do Ministro Jaime Silva, assinou um protocolo com a CML que concede a gestão da Tapada das Necessidades à autarquia lisboeta.
Este Jardim Histórico, porventura o mais importante da cidade de Lisboa, encontra-se há anos votado ao abandono, ocupando um espaço privilegiado da cidade, sem que os lisboetas dele possam usufruir dignamente.
Já anteriormente tive ocasião de escrever um texto neste Blog sobre a Tapada.
Espera-se que esta mudança de tutela traga de facto a tão desejada requalificação do antigo jardim real onde D. Fernando II na companhia do seu filho D. Pedro V iniciou a experiência botânica que fez nascer o Parque Nacional da Pena, ou onde D.Carlos instalou o seu atelier de pintura ( hoje ocupado pelo gabinete do ex-Presidente da República Jorge Sampaio). Trata-se de um espaço ímpar da cidade de Lisboa que merece toda a atenção na sua requalificação, pelo seu significado histórico e pela riqueza botânica que possui entre as dezenas de espécies que lá se encontram desde meados do séc. XIX.
Estaremos atentos ao que por lá se fará!

05 novembro 2008

História!

Esta noite fez-se História!
A eleição de Barack Hussein Obama para Presidente dos EUA é um marco na história da América que traz consigo um notável capital de mudança e de esperança.
O mundo, e os EUA em particular, aguardam com imensa expectativa que as palavras proferidas no seu discurso esta noite se tornem realidade.
Ambos os candidatos, Obama e o republicano Mc Cain, fizeram discursos de enorme dignidade e elevação.
Esta noite assistiu-se a um exercicio de Democracia inspirador pela sua dimensão e significado.Esta noite, o Mundo fez as pazes com os EUA. Esta noite a esperança foi profundamente renovada.Esta noite fez-se História!

03 novembro 2008

Esperança


A eleições que se realizam amanhã nos EUA constituem um factor de esperança importantissimo. Não há memória recente de que umas eleições presidenciais norte-americanas despertassem tanto interesse, não só internamente, mas no mundo inteiro. Para isso contribui necessariamente não só a crise financeira e económica que o mundo atravessa, e que mais do qualquer outra tem um efeito global, mas também o carácter politico desta eleição. Ao fim de uma década, começa a ser bastante visivel , mesmo para aqueles que nunca quiseram ver, que o consulado republicano de W. Bush fez caminhar os EUA para uma situação muito complexa, que é transversal às finanças, à economia, à politica interna, as relações externas e a todas as áreas da tradicional actuação das autoridades americanas. A somar a estes factores, já de si preocupantes quando se reportam a um país hegemónico como os EUA, junta-se uma profunda crise de autoridade.
A escolha entre os dois candidatos que disputam estas eleições, é portanto de suma importância. Mais do que reforçar as finanças e a economia, o próximo Presidente dos EUA terá de restaurar a credibilidade e a autoridade dos EUA, quer ao nível interno quer externo. Trazer de novo os EUA ao concerto das nações na compreensão de um mundo cada vez mais global é uma missão urgente e necessária.
Estou crente que o Senador democrata Barack Obama vai vencer estas eleições. Eu e muitos milhões pelo mundo inteiro. Assiste-se neste momento a um «suspense» das atenções globais neste resultado eleitoral exactamente proporcional à esperança que o mundo tem de mudança de liderança nos EUA e por essa via à escala global.
A política republicana está esgotada. Mesmo que Mc Cain não seja igual a W. Bush, a verdade é que não traz nada de novo ao discurso político e sobretudo não taz consigo nenhum capital de esperança.
Barack Obama será presidente dos EUA. A sua eleição trará um novo fôlego à politica internacional e o facto de ser o primeiro Presidente negro dos EUA não é de menosprezar. Isso só por si traz uma enorme mais valia para a Democracia americana e para a dignificação dos negros naquele pais.
Seja como fôr, Obama será sempre presidente dos EUA, quer isto dizer, que apesar de todas as esperanças, não se espere que o seu governo não seja o da defesa dos interesses norte-americanos em primeiro lugar. No entanto, qualquer mudança politica neste momento, que aponte para um regularização da actuação dos EUA no mundo, de acordo com o Direito Internacional e numa linha de pacificação dos conflitos regionais, que tem sido a politica defendida pelos Democratas, é só por si motivo de esperança. Aguardemos!
A Era W. Bush terminu por fim. Um dia, quando se fizer a historia deste período, e as contas desta década de guerra, de desrespeito pelos valores da politica à luz do Direito e de descalabro financeiro, talvez se perceba que este foi provavelmente o pior consulado de sempre da Casa Branca.O Mundo é hoje um sitio pior para se viver.
Esperemos que dentro de uma década possamos afirmar o contrário!