18 fevereiro 2008

A entrevista socrática

O primeiro-ministro José Sócrates respondeu às perguntas de Ricardo Costa e Nicolau Santos na Sic notícias. Insistiu na criação de 150 mil postos de trabalho durante a presente legislatura. Segundo as contas do governo estão já criados de novo 94 mil. A ser verdade não serve para resolver a situação de quase meio milhão de desempregados inscritos em centros de emprego. Não resolve a situação de milhares de licenciados desempregados. O próprio Estado utiliza contratados a recibos verdes para satisfazer as suas necessidades correntes, o que supostamente não é permitido. Isso acontece pois não há verdadeiro investimento público em sectores chave da vida nacional nem na qualificação do emprego e dos recursos humanos. Onde está aqui o país moderno, que entrou no século XXI logo após a vitória do "sim" no referento da IVG segundo o próprio primeiro-ministro?
Reconheceu que não tinha cumprido a promessa de não aumentar os impostos ( essa e outras reconhecidamente!). Manuela Ferreira Leite tinha subido o IVA de 17% para 19%. Depois já com o governo Sócrates de 19% para 21 %. Para quando o próximo? Está a tornar-se insustentável.
Reconheceu a importância estratégica da educação. Mas pensando assim o que o levará a encarar com bons olhos uma via de maior facilitismo, de pouca aposta no rigor, na disciplina e na aprendizagem efectiva? Já sem falar no golpe que pretende infligir no ensino artístico e na desvalorização do seu carácter específico e de promoção da excelência. E o ensino técnico e profissional onde anda?
Não soube explicar nem ser convincente sobre a saída do ministro da saúde e na continuação da aposta na mesma política de saúde. Uma via tecnocrática, eventualmente lógica, mas que em nada reflecte uma particular sensibilidade social e que em nada vem contribuir, muito pelo contrário, para a correcção das profundas assimetrias regionais. Diz que o ministro de saúde saiu para que a defesa do serviço nacional de saúde (sns) continue. Mas o conceito de sns continua o mesmo e o ministro que o defendia sai para dar lugar a uma ministra que diz que irá continuar a sua política da qual por alguma vezes já se tinha manisfestado crítica. E a lógica aqui onde fica? É preciso que algo mude para que tudo continue na mesma.

Cultura nem vê-la, nem ouvi-la, nem senti-la... Como disse Fernando Pessoa "temos muita gente inteligente, o problema é termos pouca gente culta". É a cultura, seu arrogante crispado!

Para fechar não teve nada a ver com a ida de Santos Ferreira e Vara para o BCP (deixem-me rir), teve tudo a ver com os mamarrachos na Beira Alta nos anos 80 (deixem-me chorar) e não sabe ainda (deixem-me chorar a rir) se virá a ter com uma candidatura do PS às legislativas de 2009.

Oposição vamos lá a acordar e a ganhar juízo! (É melhor rir para não chorar)

09 fevereiro 2008

Obra de mestre


Mestre de obra: J. Sócrates ?

01 fevereiro 2008

A ética republicana...


Depois das afirmações do Ministro da Defesa Nacional sobre a proibição das Forças Armadas participarem na evocação dos 100 anos do regícidio, eis que a República nos brinda com mais presentes inesperados.
No voto de pesar à morte do Rei, hoje apresentado na Assembleia da República, apenas 80 deputados se levantaram. Parte-se do príncipio então de que o assassínio à queima roupa de um Chefe de Estado em Portugal, legítimo e constitucional, não é matéria que interfira na consciência ou ética dos srs. deputados. Indiferentes, a maioria manteve-se sentada!
Também hoje o Presidente da CM de Castro Verde, representante de um orgão da República, inaugura uma lápide evocativa de Alfredo Costa, o regicída natural daquela vila alentejana. Ontem, quinta-feira, mais de vinte pessoas deslocaram-se às tumbas de Costa e Buiça no Alto de S. João, numa cerimónia sinistra organizada por uma tal«Comissão instaladora da Associação Promotora do Livre Pensamento».
Cem anos depois, compreendemos portanto, que a ética republicana é a mesma de 1908, ou seja, não sabe o que significa e não tem vergonha nenhuma de o mostrar publicamente.
Um Estado que não tem memória, e que se comporta desta maneira numa data que deveria servir para reconciliar paixões políticas, não é digno da simpatia dos cidadãos.
Excluíu-se de forma digna desta atitude mesquinha, o actual Chefe de Estado Cavaco Silva, ao participar hoje na inauguração de uma estátua do Rei D. Carlos em Cascais.